Confiram mais esse conto que foi um dos concorrentes do Concurso Literário "Escritores do Clube"
Caça as Bruxas em Fells Liveway
Em um mundo paralelo
ao nosso, onde deuses, demônios e poderes eram vistos como meros títulos e um
tabu para toda a sociedade - seja do vilarejo Fells Liveway ou do próprio
planeta. A idade média - ou a era das trevas para alguns - passava a se tornar
ainda mais sombria e toda a população do vilarejo sentia que tempos difíceis
estavam para se tornar realidade.
Alguns incidentes
aconteceram, e estes foram: queimação na plantação, animais encontrados mortos
de formas terríveis e grandes desenhos ao redor do cemitério. Parecia até que
alguém queria fazer uma brincadeira com todos os moradores, mas ela estava
começando a passar dos limites. Crianças tinham medo, pais estavam sem saber o
que fazer, e alguns, já haviam ido embora sem deixar pistas. O terror estava,
aos poucos, tomando conta daquele pequeno vilarejo. Até mesmo as bruxas
inocentes – as poucas existentes – estavam sendo afetadas.
Gabriella já não mais
sentia prazer em experimentar novas receitas mágicas, em testar novas poções,
coisas que ela adorava fazer. Mesmo não praticando magia contra os outros,
sentia que qualquer coisa seria usada contra ela, se fosse vista. Também não
saia de casa fazia bastante tempo, temendo ser linchada do lugar.
- Que povo mais
ignorante. – resmungava solitária, em sua cozinha, espiando pela janela o
movimento nas ruas. – Não vou ajuda-los a achar as bruxas malfeitoras. Não
tenho nada a ver com isso.
Do lado de fora de
sua humilde casa – pelo menos, humilde em comparação a casa das outras bruxas –
a mesma cena se repetia todos os dias. Corajosos moradores apareciam com
tridentes, facas, cutelos, porretes e machados, na esperança de livrarem o
lugar dos praticantes de magia.
Por segurança, a
jovem bruxa selava sua casa com uma espécie de proteção, não permitindo a
entrada de pessoas comuns. Pelo menos, assim estaria um pouco mais segura. Mas,
com seus poderes bastante escassos, Gabriella não conseguiria manter essa
proteção por muito tempo. Provavelmente, em poucas horas, estaria mais sem como
se defender, em caso de uma invasão.
Em frente a casa, a
multidão parecia estar cada vez mais confiante. Alguns já tentavam derrubar a
porta, a chutes e empurrões.
- Eu não tenho mais
nenhum selo de proteção. – e pensou no que deveria fazer, assustada. – Tenho
que fugir.
Rapidamente, agarrou
dois pequenos fracos, com uma substância escarlate, e colocou-os dentro dos
bolsos. Com aquelas poções, poderia curar qualquer fratura ou dano rapidamente.
Deu uma última olhada pela janela. As pessoas agora usavam suas armas para
quebrar a porta. Definitivamente, a proteção não aguentaria mais.
- É agora, tenho
certeza de que vamos derrubá-la! – o líder do grupo de invasores agora berrava
ansioso para por um fim nisso tudo. Já tinha se passado muito tempo, e a cada
dia, praticantes de magia machucavam cada vez mais as pessoas que amava.
Gabriella agora
corria, subindo as escadas, em direção ao primeiro andar de sua casa. Tinha um
plano. Quando estivesse pronta, era só usar os poderes que ainda restavam em
seu corpo e se transportar para bem longe dali, podendo, assim, tentar viver em
paz.
A proteção já não era
mais forte e a qualquer momento poderia se acabar. O líder do grupo tinha cada
vez mais certeza que conseguiria entrar, e excitava os outros a manterem a
força e continuar. Um grande estralo foi emitido, e a porta finalmente se
rachou.
Sem delongas, toda a
multidão adentrou a casa quebrando tudo o que encontrava a frente, desde
objetos não mágicos até mesmo caldeirões utilizados para curas. - Continuem destruindo
tudo! E outros me acompanhem! A maldita deve esta no andar de cima. - Gritou o
líder.
E assim eles fizeram,
os que tinham armas menores continuaram destruindo tudo do andar abaixo. E os
outros, subiram rapidamente no encontro da bondosa bruxa que ainda permanecia
lá em cima.
Mais um estralo foi
emitido, a segunda porta do andar no qual Gabriella estava foi derrubada. Com
medo, mesmo sabendo que poderia sair dali a qualquer momento ela permaneceu
parada ao lado da janela. - Ela esta ali! Corram. Cerquem-na e a matem. - Um
homem que segurava uma faca gritou. E assim os outros o fizeram, todos correram
em direção a mulher, a humanidade não parecia mais a mesma, era como se ela
fosse a carne, e eles naquele momento os canibais.
Vultos rapidamente adentraram
a janela, eram dois. E esses dois se transformaram em velhas bruxas que
diferente de Gabriella possuíam um sentimento de ódio, o que para ser visto
pelos olhares.
Assustados, o grupo
de pessoas recuou. Alguns se prepararam para voltar correndo ao andar debaixo,
mas era tarde demais. Ambas as velhas ergueram as mãos, juntando toda a energia
que conseguiram. Uma esfera brilhosa, com uma cor vermelha bastante vibrante,
se formou.
- Não ousem mexer com
uma de nosso clã!
E com essas palavras,
a esfera praticamente dobrou de tamanho, e foi disparada na direção dos
humanos, explodindo tudo que encontrava pelo seu caminho. O barulho de madeira
caindo assustou as pessoas do andar inferior da casa, que congelaram, temerosos
com o que tinha acabado de acontecer.
Um pouco machucada
com o feitiço, Gabriella, ainda se protegendo com as mãos, perguntou:
- Quem são vocês? – e
tossiu, por causa da poeira. – O que querem?
- Não tenha medo,
jovem. – a mais velha respondeu, esticando sua mão direita, bastante enrugada,
em direção a jovem bruxa. – Viemos para te levar junto conosco, para um lugar
melhor, longe desses medíocres humanos.
- Vamos para a cidade
vizinha, Beruhige. – foi a vez da outra bruxa, a mais nova, mas também muito
velha. – E juntas, nós três, vamos acabar com tudo isso. Faremos esses humanos,
sem capacidade alguma, se arrependerem de nos caçar. Vamos liberar o uso da
magia.
- E vamos derrotar
qualquer humano que aparecer em nosso caminho. – a outra sorriu, com
perversidade. – Qualquer um.
Não. Não era isso que
Gabriella queria. Seu maior sonho era viver em paz, em um mundo sem diferenças.
Todos seriam iguais, mesmo sendo diferentes. Bruxas teriam os mesmos direitos
dos humanos. Ambos poderiam estudar magia, sem discriminação. Os humanos
poderiam até mesmo fazer experiências utilizando propriedades mágicas! Isso
seria realmente incrível.
- Eu entendo vocês,
mas não é isso que eu desejo. – Gabriella levantou-se, tirou a poeira de sua
roupa e olhou firmemente para elas. – Não vou me juntar a vocês, sinto muito.
As velhas se entreolharam,
e sorriram, macabramente.
- Se é assim, então
também sentimos muito.
- Não gostamos de
abandonar nossas irmãs-bruxas, mas você pediu por isso.
Novamente, a cena
estava prestes a se repetir. Já com os braços levantados, uma nova esfera apareceu
dessa vez, com uma cor lilás, bastante chamativa. Por um momento, elas
pareceram hesitar um pouco, mas isso não aconteceu. O tamanho da esfera foi
triplicado, e lançado em direção a pobre bruxa.
A explosão foi
barulhenta, mas Gabriella conseguiu se salvar. Na mesma hora em que a esfera se
aproximava, a garota fechou os olhos e esticou a mão. O seu poder não era tão
grande para desfazê-la, mas pelo menos pôde diminuir o poder do ataque e por
isso, se machucou um pouco e alguns dos objetos do local se quebraram.
Ela poderia ter ido
com as velhas bruxas, mas algo em seu coração dizia que não. Mesmo sofrendo
consequências ela não deveria ir, ela queria um mundo melhor para se viver, e
for com as velhas não faria isso. Apenas a salvaria, mas o mundo de fato não
seria o mesmo.
A multidão novamente
se uniu, Gabriella estava ainda mais sem forças e com medo. O seu sonho naquele
momento já não poderia virar mais realidade, a pobre bruxa mal tinha forças
para se levantar talvez ela pudesse até escapar. Seus pensamentos não estavam
mais presentes ali, ela voltou a sonhar, na esperança em que um dia vivesse em
harmonia com todos. Cansada e sem forças para lutar, fechou os olhos, e desmaiou.
Não se ouviu falar
mais de bruxas ou outros seres fantásticos em Fells Liveway desde
então.
Gostiiiii
ResponderExcluirpoderia ser mais trabalhada, mas acho que ficou legal sim :) Parabéns Claudinho
concordo com tamires, a historia poderia ter sido mais trabalhada e melhor adaptada a modalidade conto.
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