A partir de agora iremos postar os contos que se inscreveram.
Vamos prestigiar a todos os candidatos postando seus contos.
Luz Negra
Minha
cabeça doía mais que o normal. Era comum ela estar sempre doendo, pelo feito de
minhas lutas e quedas. Eu podia sentir as feridas abertas em meus braços e em
meu peito. Podia sentir o sangue fresco escorrendo delas e manchando o linho
branco de minha camisa. Onde eu estava? Onde estava Lucynda? Tentei me levantar,
mas a dor em minha cabeça era insuportável, parecia me puxar para baixo. Mas eu
precisava reunir minhas últimas energias por ela, para salvá-la da loucura de
Dorothea. Fechei os olhos com força e forcei meus membros a agirem, a se
levantarem. Ao finalmente me por de pé, avisto Lucynda desacordada sobre a mesa
de pedra. Suas mãos estavam amarradas nas extremidades da mesa. Corri ao seu
encontro, as feridas ardendo pelo esforço, mas meu consciente não parecia se
importar. Porém, não tinha dado nem vinte passos quando me deparo com uma
parede de vidro. Analiso-a, minha mão se retesando ao toque. Não era vidro. Era
energia. Arte das trevas, magia negra. E só uma pessoa poderia ter usado, e eu
sabia muito bem quem era.
Ao
olhar para o lado me deparo com Dorothea. Os olhos estavam profundos pelas
olheiras das noites passadas em claro, e pela maquiagem preta que sempre usava.
Os lábios estavam cobertos pelo batom preto e sua figura esguia trajava um vestido
escuro como o breu. A figura em si de Dorothea era admirável, mas seu interior
era tão sujo quanto os esgotos que habitam o subsolo da cidade. Sua alma era
negra e possuída pela magia que ela só usava para o mal.
-Mas
veja só, se não é o corajoso Gabriel. Está ferido meu querido? – Sorriu ela
diabolicamente.
Eu
podia sentir o ódio por aquela mulher ferver em meu sangue.
-Você
que me feriu. Pensei que me amasse Dorothea. – Ela correu até onde eu estava e
se ajoelhou em minha frente, nossos rostos próximos. Suas mãos tocaram minha
face, mas me virei para longe de seu toque.
-Eu
o amo Gabriel. Demais. Mas não posso demonstrar meus nobres sentimentos em
relação a você, com Lucynda saltitando feliz por aí, relatando o quão bom é
estar em sua companhia. O quão doce são seus beijos – Suas mãos buscaram meu
rosto. Seus dedos desenharam o contorno de meus lábios. Seus olhos eram de uma
pessoa que precisava de tratamento. – Ela precisa ser destruída. Eu preciso ter
seu coração. Só assim você poderá me olhar como eu desejo meu querido.
-Você
está louca! Não pode matar Lucynda, nenhum mal ela te causou! – Gritei para
ela, e isso pareceu acender ainda mais sua raiva. Seu rosto se fechou numa
expressão de ódio profundo, e ela se levantou, andando apressadamente para
longe de mim, perto demais de Lucynda. Dorothea subiu as escadas,
aproximando-se da mesa de pedra, onde parou e ficou olhando para o corpo inerte
de minha amada.
-Você
se recorda Gabriel, o quanto você me amava? O quanto éramos felizes.
-Aquilo
não era amor – Falei, esforçando-me para levantar.
-Era
sim. Só bastou Lucynda aparecer na cidade e você morrer de amores por ela. O
que você encontrou nessa garota? Ela não tem nada, nenhum poder especial.
Nenhuma beleza extraordinária. O QUE VOCÊ VIU NELA? – Gritou ela descontrolada.
Seu corpo se agachou e buscou algo embaixo da mesa. Era uma adaga.
-Não!
Não faça isso Dorothea. – Implorei, tentando de alguma forma passar pela
barreira de energia que ela tinha colocado ali, separando-me dela e de Lucynda.
Eu tinha que pensar em algo. E pensar rápido. Dorothea pousou a ponta da adaga
na barriga de Lucynda, e subiu por seu corpo, parando em seu peito. Meu coração
ia diminuindo à medida que a adaga avançava. Dorothea deu uma olhada em mim.
-Irei
ceifar a vida dela. Comer seu coração puro. Assim terei seu amor para mim, e
poderemos viver nossa história.
-Se
você continuar com essa loucura, tudo o que vai ter de mim será o ódio. – Mas
ela não me escutou, continuou a pressionar a adaga, agora com mais força sobre
o peito de Lucy. – Eu fico com você.
O
olhar de Dorothea subiu imediatamente, e seu olhar encontrou o meu. Ela largou
a adaga com facilidade e desceu as escadas de forma desumana. Suas mãos se
moveram para frente, tirando o campo de força, enquanto a outra me puxava para
perto de si. Seus lábios se encontram com os meus, em um beijo selvagem,
tirando-me o ar. Era a minha hora de agir. Puxei-a de encontro ao meu corpo,
mantendo-a junto a mim o máximo possível. Minha mão, com todo cuidado, foi para
minhas costas, onde no cós da calça se encontrava a faca que meu pai, Stephen,
tinha me dado. Ainda me recordava de suas palavras: “-Nunca se separe dela meu
filho. Ela irá te ajudar nos momentos de maior desespero.”. Ao segurar em seu
cabo frio a movi e empalei as costas de Dorothea, mas não fui rápido o
suficiente. Senti minhas mãos virarem. Os ossos se quebrarem, deixando ali uma
dor lacerante, deixei a faca cair. Dorothea ria de minha desgraça.
-Pensa
que sou idiota? Você não tem mais a força que costumava ter meu querido. E foi
por isso, que cortei as suas asinhas tão preciosas. – Olhei com profundo temor,
amaldiçoando-a por ter arrancado as minhas asas. – Você não vai conseguir me
matar querido. Os seus tempos de glória foi há milhares de anos, Gabriel.
Eu
já estava me conformando com a minha desgraça. O que ela falava era verdade, eu
não conseguiria derrota-la. Estaria amaldiçoado para sempre a viver ao lado de
uma feiticeira louca, e perder o meu grande amor. De que tinha adiantado todos
os nossos momentos? Lucynda tão bela, seus olhos castanhos tão profundos que me
prendiam tão facilmente, seu toque tão suave, seus lábios tão doces contra os
meus. Ah, minha Lucynda, de que adiantaria todo meu amor por você, se eu estava
agora destinado a viver ao lado de uma louca que estava prestes a possuir o seu
puro coração?
Dorothea
continuava a me olhar, em toda a minha desgraça. Levantei minha cabeça para
poder encará-la, e quase que meu coração para de bater. Atrás de Dorothea
estava Lucynda, seu dedo indicador sob os lábios, um sinal para que eu ficasse
quieto. A adaga que antes estava sob seu coração, agora estava em sua mão, e
ela não hesitou em enfiá-la com firmeza no pescoço de Dorothea, que abriu a
boca, dando um último suspiro assustado, por ter sido pega de surpresa. Seu corpo
tombou para frente, caindo sobre o meu. Tirei-a de cima de mim, e me levantei
surpreso por ver Lucynda acordada, viva em minha frente.
-Como...
Como isso aconteceu? – Perguntei, tocando-lhe a face, e distribuindo beijos
pela mesma. A melhor sensação do mundo era sentir sua respiração em minha pele,
poder ouvir sua risada.
-Seu
amor por mim, me despertou para a vida, novamente. Você me salvou. – Disse ela
segurando meu rosto entre suas mãos.
-Não,
você me salvou. Eu estava prestes a ser condenado a uma vida miserável sem você
e...
-Shh
– Sussurrou ela, seu dedo impedindo-me de falar. – Então, salvamos um ao outro.
– Fui obrigado a concordar. Nossos lábios se encontraram e ao me separar
rapidamente dela, vi seu sorriso e sorri ao vê-lo. Ele era a luz que iluminava
meus dias escuros, e que continuaria a iluminar pelo
tempo que fosse preciso.
Gostiiiii... Parabéns Lu, adorei o conto!!!!
ResponderExcluirsó achei que o final deveria ter sido mais trabalhado.
ResponderExcluirfora isso, ficou show!
e lembrou hush hush
ResponderExcluirAdoreeeeeei, Lu! *--*
ResponderExcluirE o final me pegou de surpresa, eu pensava que a Dorothea iria terminar triunfando...
Parabéens :)
ui ui, Richelle Melo arrasando u.u
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