Lançamento: 28 de janeiro de 2016 (1h36min)
Direção: Sean Anders
Elenco: Will Ferrell, Mark Wahlberg, Linda Cardellini mais
Gênero: Comédia
NOTA: ★★★ Está de Recuperação.
Certamente alguns de vocês devem odiar comédia pastelão.
Não é um traço tão incomum. Comédia pastelão é uma das classificações de filmes mais complicadas de se levar a sério. Principalmente com o desenvolvimento deste admirável mundo novo que começa a repensar o quanto realmente é engraçado o extremo uso de fórmulas agressivas de piadas que usualmente usam mulheres, negros ou gays – sem contar nas caretas extremamente exageradas – para fazer comédia.
Portanto, aqui vai um aviso de cara: Pai em Dose dupla tem grandes – e as vezes incômodas – doses de pastelão, muito embora consiga sair do poço sem fundo de babaquice que filmes hollywoodianos de comédia tendem a se aprofundar, com a mola principal deste modelo de comédia impulsionada por atores como Adam Sandler e as vezes o próprio Will Ferrell.
Pai em dose dupla conta a história de Brad (Will Ferrell), um executivo em uma rádio e se esforça para ser o melhor padrasto possível para os dois filhos de sua namorada, Sarah (Linda Cardellini), até que Dusty (Mark Wahlberg), o “superpai” das crianças, reaparece e começa a disputar com ele a atenção e o amor delas. O roteiro digno de sessão da tarde não é nada novo – ah, qual é, não era uma novidade nem nos anos 90! – mas, surpreendentemente o filme começa de uma maneira curiosa e engraçada (mas não posso usar a palavra “leve” aqui) com o personagem de Will sendo ridicularizado ao extremo em suas tentativas sinceras e carinhosas de tentar se dar bem com as crianças. A abordagem da história começa muito bem ao próprio filme
satirizar o modelo batido mostrando que não foi exatamente um caminho de rosas para Brad começar a ganhar a afeição das crianças, ou mesmo questionando exatamente o quão “Paizão” ele pode ser considerado por algumas características dele – em especial sua covardia desmedida e o quão fácil fica emocionado.
Este, na verdade é o ponto alto do filme: Ao contrário dos outros exemplos de comédia por aí, que parecem se julgar contos de fadas da nova geração tentando nos empurrar uma lição de moral fajuta do começo ao fim do filme, Pai em dose dupla é sincero ao não se levar a sério e ainda brincar e homenagear uma fórmula super popular dos anos 90, os filmes de comédia familiar. Talvez a melhor cena do filme seja exatamente a maior homenagem, onde o começo da cena se trata de uma super lição de moral enriquecedora – mas baseada numa mentira – que é logo jogada fora quando Brad (Will Ferrel) decide fazer a coisa certa.
Mark Wahlberg está muito confortável no filme também, fazendo o papel de Dusty, o malhado, legal e boa pinta (ou seja, fazendo o papel que ele sempre faz nos filmes) superpai das crianças. As interações dele com Farrel ou com Linda Cardellini (que faz o papel de mãe das crianças) são ótimas, e ate as crianças são realmente engraçadas.
Mas, novamente, um filme que tinha tudo para ser muito bom – não vamos exagerar, ele não é um divisor de águas, ok? – esbarra no mesmo problema de sempre: O pastiche do pastelão. O que é uma parada que eu realmente não compreendo. O filme tinha tudo, TUDO pra ser divertido sem esses elementos. Os personagens principais são divertidos, as tiradas são boas e engraçadas, a maior parte das interações arrancam gargalhadas. E no meio de tanta coisa legal, é obrigatório inserir uma piada de negro, de mulher, de gay, umas colocações idiotas que, francamente, não dão um humor melhor do que estava rolando antes. Poxa, é meio decepcionante. Obviamente, é um estado melhor do que outras comédias por aí – como o fatídico PIXELS, do ano passado, uma lástima do começo ao fim – mas podia ter sido bem melhor.
Este é, em si o maior problema do filme. Poderia ter sido algo melhor do que um mais do mesmo – ou pelo menos um mais do mesmo um pouco melhor – mas parece que Sean Anders – e Hollywood – não conseguem sair da segurança dos filmes de comédia forçados que tem público certo e venda garantida – e qualidade questionável.
Não é um filme ruim. O final, uma pérola onde o filme zoa com a própria história, prova isso.
Só poderia ter sido bem melhor.
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