O Lar das Crianças Peculiares
Lançamento: 29/09/2016
Elenco: Asa Butterfield, Eva Green, Samuel L. Jackson, Ella Purnell, Terence Stamp, Judi Dench
Diretor: Tim Burton
Distribuidora: Fox Filmes
Nota: ★★★
Crítico: Paulo Teixeira
Crítico: Paulo Teixeira
Trazendo Tim Burton na direção –
o que sempre promete um apelo visual fantástico e de ares góticos e soturnos a
suas obras (além de morais da história questionáveis) – a história do Lar das
Crianças Peculiares nos apresenta Jake, nosso jovem e deslocado protagonista
que, por motivos não lá muito bem explicados na película, não consegue se dar
bem com as pessoas ou mesmo manter uma boa (nenhuma) vida social. Sua maior
ligação afetiva parece ser com o avô, que tem ares meio amalucados, motivo pelo
qual nosso jovem Jake vai lhe prestar uma visita – apenas para descobrir um
perigoso mistério que o levará até o país de Gales e encontrar Miss Peregrine,
e todas suas crianças Peculiares, assim como um terrível perigo à espreita.
A premissa, longe de ser algo
inovador, é interessante em si mesma. Tentando conter o máximo possível de
spoilers, somos apresentados a dois mundos distintos – o real, onde Jake e sua
família estão, cercados dos jovens Galeses mais inoportunos do mundo, e o que
estão as crianças peculiares e nossa adorável Miss Peregrine – Eva Green mais
charmosa do que nunca e num sotaque carregado. Mas vou dar uma dica: Trata-se
de Wibly Wobly Time Stuff, ou mais comumente, Viagem no Tempo. E este é um
problema sério dentro da história. O fato é que a história do Lar das Crianças
Peculiares é, sem dúvida, muito simples. Seja em quadrinhos, filmes ou livros,
a história do “se sentir deslocado” já foi usado e debatido de ponta a ponta. E
falando bem sinceramente, no filme é um dos elementos menos focados. À exceção
de uns poucos minutos no início e uma pequena narração em off, vemos pouco do
tal Jake deslocado, este jovem que está ansioso para procurar o seu lugar no
mundo, seja onde for. O que pode ser percebido muito no filme é uma tentativa
de forçar a barra para sentirmos isso no personagem – interpretado por Asa
Butterfield, que nem brilha ou se apaga em cena, entregando um papel bastante
mediano.
Interpretação, inclusive, é algo
que não vai causar grandes espantos em você. Lógico, não tem nada de terrível
em cena, as crianças são competentes em suas aparições, algumas mais do que
outras, mas no geral não existe grandiosidade ou arroubos de satisfação por ver
alguém em cena. Posso tirar dessa cesta apenas Ella Purnell – a Emma Bloom – e
as mocinhas mais novas da película, que parecem estar se divertindo muito em
todas as cenas, mesmo as mais tensas. Brilham muito essas meninas! Porém o
grande problema no filme fica no uso do conceito de viagens e buracos temporais,
que num mundo com tantas obras que abordam o conceito de cima a baixo, dos usos
mais simples aos mais complexos e intrincados, termina tendo um uso, explicação
e, principalmente, consequências muito supérfluas. Sendo bem sincero, com as
escalas de poderes e influencias que vemos durante o filme, não se surpreenda
se em algum momento você estiver montando suas teorias de “mas se eles tivessem
feito tal coisa, tudo não teria se resolvido logo”?
Talvez o que tenha complicado
todos esses aprofundamentos seja o tom confuso que o filme tem em alguns
momentos. Eu, para o bem e para o mal, não li os livros da Saga do Orfanato da
Senhora Peregrine para Crianças Peculiares (o que me poupou de imediatamente
comparar a história entre os dois), mas o filme sempre em seus trailers e
releases me passou uma sensação mais profunda
e soturna ao chegar em minhas mãos. Sempre tive a impressão de estar me
preparando para ver uma obra um pouco mais misteriosa e tensa. No entanto O Lar
das Crianças Peculiares me pareceu um puro filme de aventura adolescente, onde
todos os motivos da trama, razões dos protagonistas e resoluções dos problemas
são meios simples demais. Não que
isso seja realmente ruim. Talvez o problema estivesse na expectativa.
Meu melhor conselho para você,
jovem ávido para ir ver o filme em sua estreia de cosplay e tudo mais é o de se
preparar para ir ver uma aventura mais leve do que tudo mais indicava. O filme
é muito bonito e curioso, e Burton foge um pouco dos filmes coloridos e
espalhafatosos que estava fazendo nos últimos tempos. As crianças todas são
divertidas em cena, e certamente você vai ter bons momentos de diversão durante
a obra – e muitas teorias de viagem no tempo para discutir depois. Se eu
tivesse que dizer, assistir em 3D não seria uma grande necessidade para o
filme, e eu não perderia a chance de ouvir os sotaques originais nele legendado
(embora o time de dubladores seja muito bom). O Lar das Crianças Peculiares,
afinal, é um filme divertido. Não consigo me atrever a falar que é mais do que
isso: Cabe a você assistir e quem sabe descobrir se existe algo nele de mais peculiar.
Veja o trailer abaixo:
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